domingo, 30 de novembro de 2014

Formação e competição precoce

Formação e competição precoce

40 anos passados da minha iniciação no desporto recordo que nessa época os pais pouco ou nada acompanhavam a atividade desportiva dos seus filhos.
Éramos nós miúdos que nos organizávamos em grupo e nos deslocávamos em primeiro lugar ao Clube da nossa terra e depois se tivessemos algum jeito procurávamos um clube de maior dimensão da zona.
A segurança nesse tempo era muito diferente, não existiam tantos perigos como existem atualmente. 
Caminhávamos alguns quilómetros em "bando" e regressávamos no final do treino cansados e satisfeitos da vida. 
O percurso servia para colocar a conversa em dia e contar as histórias e os namoricos de escola.
Bons tempos, bem diferentes dos atuais.
O desporto era visto de maneira diferente tendo a componente social um peso muito grande.
Claro que queriamos competir e ganhar mas ... o desporto não tinha o peso dramático vinculativo que tem hoje em dia, o resultado.
Presentemente chegamos ao cumulo de obrigar uma criança de seis anos a ganhar cada jogo que disputa. 
Será mesmo preciso ser tão competitivo quase desde que se nasce? 
Onde fica a parte lúdica do jogo? 
Após quatro décadas no desporto e com a intensidade e velocidade a que o desporto se desenvolve, (não sei se no sentido correto?), fico muito preocupado com a atitude de uma grande parte dos pais que são demasiado severos, competitivos e exigentes com o desempenho desportivo dos seus rebentos.
Concordo plenamente que os pais façam um acompanhamento dos seus filhos diferente do que foi feito na minha geração, os tempos mudaram. A mobildade é outra. 
Passamos do 8 para o 80!
Nem sempre as crianças ficam numa escola perto de casa mas sim perto do trabalho de um dos pais.
Cada vez mais a iniciação desportiva não começa no clube da terra perto dos seus amigos de infância. 
Os ambientes nestes casos tornam-se mais agressivos e competitivos para uma criança.
Quanto a mim cedo demais.
O desporto nestas idades deviam ser o complemento à actividade escolar e nunca o objectivo principal da formação.
Será este o caminho futuro...?
Deixo à vossa consideração.
O papel do pai ou encarregado de educação é efectivamente de fazer um trabalho de acompanhamento do seu filho sem nunca interferir nas ordens e métodos de trabalho do seu treinador. Independentemente da modalidade praticada.
O planeamento deste tendo em conta a estrutura do atleta na integração no seio da equipa em termos técnicos,individuais e de grupo nunca devem ser contestado por terceiros para que não se coloque os objectivos de grupo em causa e da criança.
Fica complicado para a criança obedecer a ordens contraditórias. A do treinador e ao Pai.
A quem obedecer? 
A quem agradar?
Enorme dilema para uma criança criando um conflito interior sem solução.
O pai ou encarregdo de educação deve ser o amigo, o confissor e não o carrasco.
Deve ser o porto de abrigo.
O tempo encarrega-se de colocar tudo no seu devido lugar.
Injustiças sempre existiram e continuarão a existir.
A vida é isso mesmo, subir um degrau de cada vez e no final vencer se possível, mas não a todo o custo.
A vitória, o empate e a derrota são resultados com os quais todos nós temos de conviver saudavelmente sem fazer deste um cavalo de batalha.
Muito mais se poderia dizer...
Afinal, na formação como em tudo na vida...
O caminho faz-se caminhando! 

vitor cacito

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