Cabe-me preencher a opinião Cruzeiro às quintas-feiras, mercê do convite que muita honra me dá e que muito agradeço à Rádio Cruzeiro. Apesar de já ter vivido alguns dramas mais conhecidos como o "pesadelo da folha em branco", não deixa de ser com prazer que vou escrevendo sobre alguns assuntos da nossa realidade local que me vão chamando a atenção.
Todavia, as duas próximas quintas-feiras calham em dias pouco propícios à escrita e à leitura de crónicas semanais pois coincidem com o Natal e com o Ano Novo. Assim, antecipando, avanço já com umas palavras sobre a quadra que vivemos.
Se o Pai Natal me perguntar que prenda desejo para Odivelas, pedir-lhe-ei que ajude os Odivelenses a estarem mais atentos. Atentos a quê? - Pergunta legítima e oportuna que merece uma única resposta: a TUDO.
Atentos às decisões e ações de quem nos governa ao nível local, nacional e internacionalmente; atentos aos fluxos e movimentos desta sociedade global que nos vai trucidando a individualidade e nos engole numa ânsia individualista, egocêntrica e consumista.
Contudo, pedirei ao Pai Natal que ajude, acima de tudo, a que todos nós estejamos sempre atentos a uma das pessoas mais significativas de cada momento do nosso quotidiano. Essa pessoa é sempre a que está ao nosso lado em cada momento diário. Pode ser o nosso filho, a nossa mãe, o nosso pai, o nosso cônjuge, mas também pode ser um qualquer estranho que de forma acidental e anónima está ao nosso lado no Metro, no autocarro, no supermercado. Pode ser também um sem-abrigo para quem muitos evitam olhar.
Faz-nos falta perceber que essa pessoa, seja ela qual for, é sempre uma pessoa importante. É um semelhante nosso, igual em dignidade, merecedor do mesmo respeito que nós merecemos. Pode ser a pessoa que nos ampara se, de repente, cairmos, que grita por socorro se nós não o pudermos fazer, que pode fazer-nos sorrir quando podemos estar a precisar disso. Pode também ser a pessoa que nos faz repensar toda a nossa vida como me aconteceu há dias quando uma estranha me abordou e me fez uma pergunta simples mas que pode estar a fazer-me repensar percursos de vida.
Que todos nós percebamos que também podemos ser isto para muita gente; que tenhamos a crescente consciência de que estamos sempre dependentes dos outros por mais que nos queiramos convencer do contrário.
Apropriadamente, várias das grandes religiões do mundo chamam a isto o amor ao próximo, o amor à pessoa que está ou vive perto de nós.
Desejo que neste Natal e durante todo o anos de 2015, todos possamos todos fazer um esforço de empatia que nos permita compreender e aceitar a pessoa que está ao nosso lado. Um pequeno esforço neste sentido e não será difícil perceber que a nossa vida em sociedade pode ser muito melhor.
Ouvi há uns tempos, David Suzuki, um conhecido cientista e ativista ambiental, interrogar-se sobre qual era a linha fundamental da nossa (seres humanos) natureza social. Após reflexão chegou a seguinte conclusão: "Eu não podia acreditar, porque parecia tão amalucadamente hippy, mas a resposta que encontrei foi o Amor. O Amor é a força que nos faz plenamente humanos".
Eu concordo totalmente. Que no próximo ano estejamos mais atentos, que saibamos amar, que sejamos melhores pessoas.
Bom Natal e Feliz 2015!
Fernando Sousa Silva
Sociólogo
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