Transportes no Concelho de Odivelas
O primeiro artigo de opinião que por aqui formulei, apontava no sentido de reconhecer os méritos da gestão integrada e de natureza intermunicipal da água e resíduos que se veio a traduzir na constituição dos SIMAR (Serviços Intermunicipalizados de Água e Resíduos dos Concelhos de Loures e Odivelas). Já naquela peça aludia para a necessidade de levar este conceito a outras competências.
Aqui chegados, importaria que apesar da existência da Autoridade Metropolitana de Transporte de Lisboa, os órgãos de poder local constituíssem plataformas de entendimento sobre as políticas, dinâmicas e serviços de Transportes de forma consistente e integrada visando o bem servir das populações respectivas.
Seja pelas novas necessidades, com particular incidência quer nas questões de demográficas, quer no posicionamento que as diversas redes e serviços de transporte foram assumindo, fica evidente que a prestação de serviços de transporte não pode mais ser entendida numa perspectiva única de sufragar as necessidades relativas aos movimentos pendulares diários com a capital.
O exemplo mais mediatizado tem sido o da acessibilidade ao Hospital Beatriz Ângelo. Sendo que, neste caso, além da readequação da rede de transportes, importaria reponderar a afectação da população que passou a ser servida por aquele equipamento. É hoje notório que a população residente no eixo Pontinha-Caneças ficaria melhor servida - quanto às acessibilidades – pelo Hospital de Santa Maria. Senão, tente-se, por exemplo, a deslocação entre o Casal do Rato e o Hospital Beatriz Ângelo, sem recurso a viatura própria ou ao uso de táxi.
Há alguns anos atrás, muito se escreveu e propalou sobre a criação de uma rede ferroviária ligeira de transportes (eléctricos rápidos) que circulariam paralelamente à CREL. Hoje, com os recursos que o país enterrou em PPP’s inusitadas, em swapps, rendas ao sector energético e em outros negócios ruinosos, já ninguém fala deste projecto. Provavelmente, tal inibe-nos de considerar algo que poderia ser estruturante e motor de desenvolvimento da faixa Norte do Concelho de Lisboa.
Recentemente tivemos algo de mais inovador, mas que curiosamente morreu na praia, o “Projecto MetroBus”.
Troço 1 (Amadora): Reboleira - Dolce Vita Tejo | Troço 2 (Odivelas): Dolce Vita Tejo – Estação do Sr. Roubado |
Pelo caminho ainda assistimos ao abandono do Plano de Expansão do Metropolitano, que em idas campanhas eleitorais tanta esperança fez chegar aos eleitores e tantos votos colheu.
Numa altura em que se avizinha para breve o período de discussão pública do documento maior de organização do território do Concelho de Odivelas, o PDM (Plano Director Municipal), espera-se que este integre este tipo de questões e seja coerente com o Plano Regional de Ordenamento do Território (PROT), permitindo o acondicionamento de redes de transportes que necessariamente satisfarão necessidades locais e regionais.
03/Dezembro/2014
Paulo Bernardo e Sousa
Politólogo
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